Time de futebol árabe apaga braçadeira LGBT ao anunciar novo jogador

Jordan Henderson era apoiador da comunidade LGBTQIA+ enquanto atuava pelo Liverpool e agora foi contratado por um país que penaliza relações homoafetivas
Na foto, a imagem de Jordan Henderson em preto e branco fica no ar por milésimos de segundo - Foto : Andrew Powell |Liverpool FC e Reprodução |Twitter X

O time de futebol árabe Al-Ettifaqcontratou o jogador Jordan Henderson e o apresentou à sua torcida com grande festa, mas um detalhe tem chamado a atenção: no vídeo [assista abaixo] em que o clube comemora a chegada do "capitão", eles postaram uma única foto em que o craque usa uma braçadeira com as cores do arco-íris, que aparece por milésimos de segundos e que está em preto e branco para não evidenciar as cores.

O jogador de 33 anos, que esteve no Liverpool por 12 anos, é aliado e embaixador da comunidade LGBTQIA+ e já compartilhou diversos posts usando a mesma braçadeira. Em um deles, ele celebra a diversidade e fala sobre respeito. "Futebol é um jogo para qualquer um. Não importa quem", escreveu no Instagram no dia 5 de dezembro de 2020.

Agora, contratado pelo Al-Ettifaq, a comunidade questiona se era realmente verdadeiro o apoio dado pelo jogador durante todos esses, visto que a Arábia Saudita é um país que criminaliza as relações homoafetivas e, inclusive, condena pessoas à morte se forem flagradas com alguém do mesmo gênero. Além disso, o país tem duras restrições aos direitos das mulheres e do protesto em público.

A torcida organizada do Liverpool Kop Outs, formada por membros LGBTQIA+, ficou em choque quando Jordan foi anunciado como novo contratado do time árabe. Em nota oficial, a torcida fez duras críticas ao jogador.

"Então, Henderson, o que havia no contrato multimilionário que primeiro afastou seu compromisso com os direitos humanos? Dadas as escolhas que ele fez recentemente, o Kop Outs duvida e questiona se Henderson sempre foi um aliado real. Estamos profundamente desapontados por ele estar escolhendo trabalhar como parte de uma operação de lavagem de esportes, tentando se distrair de um regime onde mulheres e pessoas LGBT+ são oprimidas, e isso regularmente encabeça a tabela mundial de sentenças de morte", aponta.

O texto também lembra que o jogador é pai da pequena Elexa e também questiona o próprio time do Liverpool como pode ter negociado com um país que tem leis tão extremistas.

"Questionamos a decisão do Liverpool de aceitar dinheiro de tal regime. Há muito tempo fazemos campanha para que o time resista a investimentos de países com histórico ruim de direitos humanos. É também uma preocupação quanto à devida diligência além do dano à reputação que tal negócio inflige."