Entidades LGBT+ estudam entrar com ação pública contra Bruno

Sertanejo, da dupla com Marrone, agiu de forma transfóbica durante entrevista com a repórter Lisa Gomes
Na foto, o cantor sertanejo Bruno, da dupla Bruno e Marrone, cometeu transfobia contra a repórter do TV Fama, Lisa Gomes, durante uma entrevista - Foto : Reprodução |Instagram

A Aliança Nacional LGBTQIA+ e a Associação Brasileira de Famílias Homotransafetivas (Abrafh) avaliam entrar com uma ação civil pública contra o cantor Bruno, da dupla com Marrone, após o sertanejo se dirigir e forma transfóbica à repórter trans Lisa Gomes, do programa TV Fama, da RedeTV!. As informações são da coluna da Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo.

Na última semana, durante uma entrevista feita pela repórter com a dupla sertaneja, Bruno a questionou: "você tem pau?", se referindo ao órgão genital da jornalista. Após a repercussão negativa e críticas, o cantor se desculpou nas redes sociais.

Lisa também comentou o episódio após o ocorrido. Abalada, a jornalista afirmou que se sentiu invadida e que seus direitos foram violados.

"Foi horrível o que eu passei, o que eu escutei. Me trouxe novamente a um lugar que eu não gostaria de estar [...] O processo de transição é muito doloroso e difícil, eu nunca soube lidar muito bem com essa questão da aceitação do corpo [...] Tive meus direitos violados [...] Me senti invadida, senti que minha intimidade foi exposta de uma forma que eu não gostaria que fosse."

O entendimento das entidades LGBTs é de que houve dano moral coletivo, o que justifica a ação pública. "Nós estamos fazendo uma análise interna sobre as medidas que podemos adotar, mas o mais provável é uma ação civil pública, porque esse tipo de ofensa é muito usada contra a coletividade de pessoas trans", disse à coluna a advogada Amanda Souto Baliza, que representa as duas organizações.

"É um tipo de ação que, caso a pessoa seja condenada, não é a vítima que ganha o valor da indenização. Esse recurso é destinado a fundos para iniciativas de enfrentamento a esse tipo de violência", acrescentou Baliza. "É uma ação que manda uma mensagem à sociedade de que esse tipo de piada, esse tipo de preconceito, não deve ser mais tolerado".

A instituições são autoras de outros processos semelhantes, como o que levou à condenação, em primeira instância, do ex-piloto de Fórmula 1 Nelson Piquet a pagar R$ 5 milhões após falas racistas e homofóbicas direcionadas ao também piloto Lewis Hamilton, em uma entrevista no YouTube.