Brasil registrou 256 mortes de LGBTQIA+ em 2022, mostra relatório

Um LGBTQIA+ é morto a cada 34 horas, afirma estudo do Grupo Gay da Bahia (GGB); a região Nordeste é a mais perigosa para a comunidade
A região Nordeste é a mais insegura para um LGBTQIA+, com 111 casos registrados no ano passado - Imagem : Reprodução

Em 2022, 256 pessoas LGBT+ foram assassinadas ou cometeram suicídio a cada 34 horas no país. Os dados, que se baseiam em notícias publicadas nos meios de comunicação foram coletados pelo Grupo Gay da Bahia (GGB), e mostram 242 homicídios e 14 suicídios no ano passado. O Brasil continua sendo o país onde mais LGBTQIA+ são assassinados no mundo.

A cidade de Timon, no Maranhão, com população de 161.721, é o município brasileiro mais rude para um LGBT, 62 vezes mais perigoso que São Paulo. Já o estado mais “gay friendly” é o Rio Grande do Sul, e o mais homofóbico, Amapá, com quatro veze mais mortes violentas de LGBTQIA+ que a média nacional.

A região Nordeste é a mais insegura para um LGBTQIA+, com 111 casos registrados no ano passado. Se considerada a média nacional de 0,13 mortes por 100 mil habitantes, as regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste registram o dobro da violência, com médias acima de 0,2. Na comparação por 100 mil habitantes, Sul e Sudeste se situam abaixo da média, com 0,5 e 0,7 mortes violentas, respectivamente.

A Bahia assume a primeira posição no ranking com 27 mortes (10,5%), seguido de Pernambuco na terceira posição e do Maranhão na quinta.

O Sudeste ocupa o segundo lugar, com 63 mortes (24,6%), demonstrando que as melhores condições socioeconômicas desta região não implicam necessariamente em maior respeito aos direitos humanos e cidadania das minorias sexuais.

O Norte vem em terceiro lugar, com 14% (36 mortes), o Centro-Oeste com 31 ocorrências (12,1%). O Sul é a região menos perigosa, com 15 casos (5,8%).

Os estados onde ocorreram menor número de óbitos (2 casos, 0,7%) foram Roraima e Rondônia na região Norte, assim como no Rio Grande do Sul e Santa Catarina, na região Sul. Acre e Tocantins, que em 2021 tiveram uma morte cada um, não notificaram nos meios de comunicação nenhum assassinato de LGBTQIA+ em 2022.

Segundo o levantamento, os gays continuam sendo mais vitimados por mortes violentas em termos absolutos, embora as mulheres trans, que representam por volta de um milhão de pessoas, proporcionalmente correm 19% a mais de risco de crimes letais que os homossexuais. Entre as vítimas, também estão dois heterossexuais que foram confundidos com gays.

Quanto à idade das vítimas, predomina a faixa etária dos 18 aos 29 anos (43,7%), o mais jovem com 13 e o mais idoso, com 81 anos.

As travestis, transexuais e transgêneros são assassinadas antes de completar 40 anos: do total de 110 vítimas trans, 83% morreram entre os 15 e 39 anos.

No tocante à cor, característica demográfica raramente indicada nas reportagens, obrigando-nos a classificá-las a partir de suas fotos publicadas pela mídia, 120 das vítimas foram identificadas como pardas (46,8%) e pretas (14,8%), 37,1% brancas e 1% indígenas”, afirma o relatório.

Predominam na causa mortis as armas de fogo (29,6%), seguidas das armas brancas (25,7%), incluindo também asfixia, espancamento, apedrejamento, esquartejamento, atropelamento proposital. Em diversos casos estão presentes mais de um tipo de objeto letal e modus operandi no assassinato, a mesma vítima tendo sido espancada, esfaqueada, esquartejada, carbonizada. O relatório completo pode ser visto aqui.